- “Quantos “cariris” cabem no espaço hoje conhecido pelo mesmo nome?
Quantos nomes, vozes e histórias ajudaram a construí-lo como lugar incomum e plural
para tantas gerações de intelectuais, artistas, políticos e religiosos? Cariri, espaço
simbólico, monumentalizado em narrativas, cantado e poetizado por homens como José
Bernardino da Silva, Patativa do Assaré, Manoel Caboclo; esculpido em formas belas e
estranhas como as da escola de artistas populares inaugurada por Noza, Ciça do Barro
Cru, Nino e tantos outros que se destacaram ao longo do século XX; xilogravado por
Stêncio Diniz, José Lourenço, Nilo, dentre outros. Tantas cores, palavras e nuances que,
encontrar uma síntese de definição tem sido tarefa complexa a qual muitos dedicaram a
vida.” (MENESES, Sônia. Apresentação do livro Cariri, Cariris: outros olhares sobre um
lugar (in) comum. MENESES, Sônia (org.). Crato: Universidade Regional do Cariri (URCA);
Recife: Imprima, 2016.
Considerando o trecho acima da historiadora Sônia Meneses, é correto afirmar sobre o
Cariri e sua história e território:
A palavra Kariri denota a designação de grupos indígenas que, quando da chegada dos
colonizadores, habitavam o sul da América Portuguesa e migraram para o sul do atual território
do Ceará para fugir dos conflitos com os colonizadores espanhóis;
Considerando o uso feito pela população local no seu cotidiano, a designação Cariri significa
exclusivamente os vales altiplanos da Chapada do Araripe;
Segundo a tradição historiográfica fundada pelos historiadores Irineu Pinheiro e José de
Figueiredo Filho, o Cariri é uma área à parte do Nordeste, diferente por sua natureza, pelo clima
e vegetação, em relação ao restante do sertão nordestino;
A criação do ICC (Instituto Cultural do Cariri) pode ser considerada um marco na produção
historiográfica do Cariri, pois o Instituto foi fundado por um grupo de intelectuais preocupados em
negar as obras de Irineu Pinheiro e José de Figueiredo e criar uma “nova identidade” para a
região;
Um fator importante para o processo de construção da identidade do caririense foi a participação
nos movimentos políticos do início do século XIX, quando os principais núcleos familiares da
região, tendo como liderança a Dona Bárbara de Alencar, se colocaram em defesa da monarquia
portuguesa (1817) e da monarquia brasileira (1824);