“A primeira investida
da psiquiatria nesse sentido voltou-se para
a aquisição de poder político para uma
ação profissional dentro e fora do hospício.
Esse poder, através de muitas lutas, foi
sendo incrementado, e desde o final do
século XIX via-se cada vez mais reforçado,
à proporção que se sustentava como saber
científico, mostrando-se fundamentado na
interação de seu discurso com a medicina.
A relação da psiquiatria com a medicina
permitia garantir a função do psiquiatra
com o apoio científico indispensável ao
exercício de poder do Estado.”
(PORTOCARRERO, Vera. Arquivos da Loucura:
Juliano Moreira e a descontinuidade histórica da
psiquiatria. Rio de Janeiro: Editora Fiocruz, 2002, p.
20).
Considerando o contexto econômico,
social, político e cultural ao qual o texto se
refere, podemos corretamente afirmar
que:
AJA partir do século XIX, a medicina deixou de
ser considerada uma prática política
específica, bem como perdeu o poder
especializado para assumir a condição
exclusivamente do cuidado dos indivíduos e
da população;
B) No final do século XIX e por todo século XX
predominou o princípio médico de que o
louco deveria ser retirado do convício social
para ser aprisionado nos hospícios de
alienados e nas Santas Casas de Misericórdia,
prática que somente no início do século XX
começou a desaparecer, sendo ainda bastante
comum;
C) Quando da implantação da República Velha
houve um processo de rompimento com os
projetos de medicalização da sociedade que
vinham se instituindo desde o início da
segunda metade do século XIX;
D)Na medida em que a medicina mental
penetrou nos diversos setores do espaço
social, com seus conceitos e práticas
assistencialistas perdeu a função de apoio ao
exercício de poder do Estado;
E) A medicina, ao investir sobre as cidades, no
século XIX, passou a disputar um lugar entre
as instâncias de controle social, sob a
alegação de que possuía o saber sobre a
doença e a saúde, a partir do qual procurou
catalisar o equilíbrio da estrutura social
instaurada;