O filósofo camaronês, Achille Mbembe, descreve que o avanço do neoliberalismo produz o fim do trabalho,
criando o sujeito sem trabalho (“Já não há trabalhadores propriamente dito”) que gera uma “humanidade
supérflua”, um ser totalmente abandonado, inútil para o sistema capitalista. De modo que os indivíduos se veem
diante de uma “vida psíquica”, prisioneira de uma patologia de sintomas como memória artificial e modelados
pela neurociência e neuroeconomia, originando um novo sujeito humano que só tem uma possibilidade, o sujeito
“empreendedor de si mesmo”. A pessoa neoliberal se caracteriza por ser um “sujeito do mercado e da dívida”, ou
seja, uma “forma abstrata já pronta”. Ele fica puramente dependente de elaborar uma reconstrução de sua “vida
íntima” para se ofertar ao mercado como uma mercadoria. Por isso, o homem novo é composto de capitalismo
e animalismo, conceitos cindidos em outros tempos, agora motivados a se conectarem.
MEMBE, A.. Crítica da razão negra. São Paulo: N-1, 2018. Adaptado.
Segundo Achille Mbembe, o racismo, no neoliberalismo,
a) determina-se pelo pensamento decolonial, que produz uma ruptura com a colonização e questiona o sistema
econômico neoliberal do ocidente como único caminho a todos os povos, sugerindo o racismo reverso.
b) propõe a biopolítica que pretende gerar igualdade, rompendo com o sistema de desigualdade de raças pelo
colonialismo e aniquilando as formas de gestão da vida dos indivíduos.
c) define-se pela discriminação positiva, aplicação de cotas e programas de acesso às instituições sociais das minorias,
de mulheres e de homens negros e afrodescendentes, enquanto enrobustecimento da discriminação racial.
d) suplanta o colonialismo e o imperialismo, pela regimentação do totalitarismo no avanço da economia capitalista,
que explora os indivíduos sem discriminação, exceção das religiões ao criticar o sistema neoliberal.
e) tem como a sua principal finalidade a gestão da morte dos indivíduos, pelo qual o racismo é a necropolítica, que
atualiza a antiga opressão do negro como modelo universal do assujeitamento de todos pelo racismo capitalista.