Ideal
Aquela, que eu adoro, não é feita
De lírios nem de rosas purpurinas,
Não tem as formas lânguidas, divinas,
Da antiga Vênus de cintura estreita...
Não é a Circe, cuja mão suspeita
Compõe filtros mortais entre ruínas,
Nem Amazona, que se agarra às crinas
Dum corcel e combate satisfeita...
A mim mesmo pergunto, e não atino
Com o nome que dê a essa visão,
Que ora amostra ora esconde o meu destino...
É como uma miragem que entrevejo,
Ideal, que nasceu na solidão,
Nuvem, sonho implacável do Desejo...
Antero de Quental. Sonetos completos. Portugal: Europa América Lida., s/d.
Antero de Quental trata de conceito importante para a reflexão filosófica: o ideal, título do poema. Em que verso(s)
fica clara a relação entre o real e o ideal? Justifique.