A greve [de 1917] está generalizada em toda a cidade. O
comércio fechou, as ruas do centro estão desertas (...) Há
tiroteios em todos os bairros proletários, desde o Brás até
a Lapa. O delegado geral distribuiu aos jornais um boletim
pedindo “ao povo pacífico se recolher a suas residências,
pois vai manter a ordem, mesmo à custa de meios os mais
enérgicos”. O movimento das ruas é, mesmo assim, enorme,
pois toda a população se mistura, quer saber o que vai suceder
nos bairros fabris do Brás, da Mooca, do Cambuci, do Bom
Retiro, da Barra Funda, da Água Branca, da Lapa.
(Everardo Dias, História das lutas sociais no Brasil.)
CUSTO DE VIDA E ÍNDICES DE SALÁRIOS,
1914 —- 1921
Ano denn Salários Ano denn Salários
1914 100 100 1918 144 117
1915 108 100 1919 148 123
1916 116 101 1920 163 146
1917 128 107 1921 167 158
(Apud P. S. Pinheiro, O proletariado industrial na Primeira República,
in B. Fausto, org., Hist. geral da civiliz. bras., v. 9.)
A partir das informações do texto e da tabela, é possível
afirmar que
(A) os trabalhadores recebiam salários compatíveis com o au-
mento do custo de vida, o que explica a fraca ação operária
nas primeiras décadas do século XX em São Paulo.
(B) as reivindicações dos trabalhadores tinham apoio do Esta-
do, garantindo a livre expressão e a liberdade de reunião
nas associações de classe e nos congressos operários.
(C) a greve dos trabalhadores aparecia como um movimento
isolado, sem repercussões nos jornais e sem ameaçar a
ordem pública, revelando a fragilidade dos sindicatos.
(D) no Brasil dos anos 1910, havia leis de proteção ao tra-
balho e de assistência social, em especial para mulheres
e crianças, o que enfraquece o movimento operário.
(E) o barateamento da mão-de-obra aprofundou as diferenças
sociais que moviam as frequentes greves de inspiração
anarquista nos inícios do século XX.