Deve-se notar que a ênfase dada à faceta
cruzadística da expansão portuguesa não implica, de
modo algum, que os interesses comerciais estivessem
dela ausentes — como tampouco o haviam estado das
cruzadas do Levante, em boa parte manejadas e
financiadas pela burguesia das repúblicas marítimas da
Italia. Tao mesclados andavam os desejos de dilatar o
território cristão com as aspirações por lucro mercantil
que, na sua oração de obediência ao pontífice romano,
D. João Il não hesitava em mencionar entre os serviços
prestados por Portugal à cristandade o trato do ouro da
Mina, “comércio tão santo, tão seguro e tão ativo” que o
nome do Salvador, “nunca antes nem de ouvir dizer
conhecido”, ressoava agora nas plagas africanas...
Luiz Felipe Thomaz, “D. Manuel, a india e o Brasil”. Revista de
História (USP), 161, 2º Semestre de 2009, p.16-17. Adaptado.
Com base na afirmação do autor, pode-se dizer que a
expansão portuguesa dos séculos XV e XVI foi um
empreendimento
a) puramente religioso, bem diferente das cruzadas
dos séculos anteriores, já que essas eram, na
realidade, grandes empresas comerciais financiadas
pela burguesia italiana.
b) ao mesmo tempo religioso e comercial, já que era
comum, à época, a concepção de que a expansão
da cristandade servia à expansão econômica e vice-
versa.
c) por meio do qual os desejos por expansão territorial
portuguesa, dilatação da fé cristã e conquista de
novos mercados para a economia europeia mostrar-
se-iam incompatíveis.
d) militar, assim como as cruzadas dos séculos
anteriores, e no qual objetivos econômicos e
religiosos surgiram como complemento apenas
ocasional.
que visava, exclusivamente, lucrar com o comércio
intercontinental, a despeito de, oficialmente,
autoridades políticas e religiosas afirmarem que seu
único objetivo era a expansão da fé cristã.
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