Leia este trecho:
E as mariposas e os cupins-de-asas vinham voar ao redor
da lamparina... Círculo rodeando a lua cheia, sem se encostar... E
começaram os cantos. Primeiro, os sapos: — “Sapo na seca coaxando,
chuva beirando”. mãe Quitéria!... — Apareceu uma jia na horta. e
pererecas dentro de casa. pelas paredes... E os escorpiões e as minhocas
pulavam no terreiro. perseguidos pela correição das lava-pés. em
préstitos atarefados e compridos... No céu sul. houve nuvens maiores.
mais escuras. Aí. o peixe-frito pegou a cantar de noite. A casca da lua,
de bico para baixo. “despejando”... Um vento frio. no fim do calor do
dia... Na orilha do atoleiro, a saracura fêmea gritou, pedindo três potes.
três potes. três potes para apanhar água... Choveu.
ROSA, João Guimarães. Sagarana. 27. ed. Rio de Janeiro
José Olympio, 1983. p. 344.
A partir da leitura e interpretação desse trecho, é INCORRETO afirmar que
A) achegada de ventos frios, em contraste com o calor do dia, é uma criação
do autor, pois é impossível de ocorrer.
B) o autor reuniu, de forma criativa, um grande número de crenças populares
sobre a previsão de ocorrências meteorológicas.
C) o comportamento dos animais, para os homens do campo, se altera com
a aproximação da chuva.
D) o sertanejo busca, na aparência do céu e dos astros, sinais de mudanças
do tempo atmosférico.