A epidemia de sífilis golpeou Nápoles, pela primeira vez,
em 1494. Os ingleses a chamaram de “enfermidade
francesa”, os franceses disseram que era um “mal
napolitano” e os napolitanos achavam que vinha da
América. O vírus, por definição, é o outro. Sexualmente
transmissível, a sífilis materializou nos corpos, dos séculos
XVI ao XIX, as formas de repressão e exclusão social da
modernidade.
(Adaptado de Paul B. Preciado, Aprendendo do vírus, em Sopa de Wuhan.
APOS, 2020, p. 184-187.)
Considerando as referências acima sobre a epidemia de
sífilis na época moderna, é possível afirmar:
a) A historia da sífilis baseia-se em experiências mundiais
univocas. Ela transcorre simultaneamente em toda
parte e promove uma compreensão tolerante da
diversidade dos sujeitos a partir da noção de raça.
b) A história da sífilis a descreve como uma epidemia
local. Ela implica uma percepção neutra do outro, na
medida em que ele seria considerado a fonte e o fator
de transmissão da doença.
c) A historia da sífilis teve longa duração na Euro-américa.
O medo da doença contribuiu para a formação e o
fortalecimento de políticas de repressão racial, que
incidiam nos corpos dos sujeitos sociais.
d) A história da sífilis mostra um trajeto fixo de expansão
da epidemia, que começou em Nápoles e alcançou a
América. Ela conta uma história do passado de
exclusão dos burgueses, dos médicos e dos
engenheiros da sociedade.