TEXTO 1
Victor Frankl descrevia o fanático por dois traços es-
senciais: a absorção da própria individualidade na ideolo-
gia coletiva e o desprezo pela individualidade alheia. “In-
dividualidade” é a combinação singular de fatores que faz
de cada ser humano um exemplar único e insubstituível.
O que o fanático nega aos demais seres humanos é o
direito de definir-se nos seus próprios termos. Só valem
os termos dele. Para ele, em suma, você não existe como
indivíduo real e independente. Só existe como tipo: “ami-
go’ ou “inimigo”. Uma vez definido como “inimigo”, você
se torna, para todos os fins, idêntico e indiscernível de to-
dos os demais “inimigos”, por mais estranhos e repelentes
que você próprio os julgue.
(Olavo de Carvalho. O mínimo que você
precisa saber para não ser um idiota, 2013. Adaptado.)
TEXTO 2
É necessário questionar a função de amparo identitá-
rio de todas as formas de organização de massas — par-
tidos, igrejas, sindicatos — independente de seu objetivo
político manifesto, de esquerda ou de direita. Não é des-
cabido supor que qualquer organização de massas tenha
o potencial de favorecer em seus membros a adesão à
identidade de vítimas, sendo um sério obstáculo à luta
pela autonomia e pela liberdade de seus membros.
(Maria Rita Kehl. Ressentimento, 2015. Adaptado.)
Os dois textos
(A) apresentam argumentos favoráveis a ideias e com-
portamentos totalitários no campo da política.
(B) defendem a importância de diferenças claras entre
amigos e inimigos no campo da política.
(C) sustentam que a união dos oprimidos em organiza-
ções de massa é mais importante que a individuali-
dade.
(D) utilizam os conceitos de fanatismo e de identidade co-
letiva para questionar o irracionalismo.
(E) concordam que o pertencimento ideológico de direita
é critério exclusivo para definir o fanatismo político.