Texto 1
Sócrates — Ao atingir os cinquenta anos, os que tiverem se distinguido em tudo e de toda maneira, no seu
agir e nas ciências, deverão ser levados até o limite e forçados a elevar a parte luminosa da sua alma ao Ser que
ilumina todas as coisas. Então, quando tiverem vislumbrado o bem em si mesmo, usá-lo-ão como um modelo
para organizar a cidade, os particulares e a sua própria pessoa, pelo resto da sua vida. Passarão a maior parte
do seu tempo estudando a filosofia e, quando chegar sua vez, suportarão trabalhar nas tarefas de administração
e govemo, por amor à cidade, pois que verão nisso um dever indispensável. Assim, depois de terem formado
sem cessar homens que lhes sejam semelhantes, para lhes deixar a guarda da cidade, irão habitar as ilhas dos
bem-aventurados.
Glauco — São mesmo belíssimos, Sócrates, os governantes que modelaste como um escultor!
(Platão. A República, 2000. Adaptado.)
Texto 2
Origina-se aí a questão a ser discutida: se é preferível ao principe ser amado ou temido. Responder-se- que
se preferiria uma e outra coisa; porém, como é difícil unir, a um só tempo, as qualidades que promovem aqueles
resultados, é muito mais seguro ser temido do que amado, quando se veja obrigado a falhar numa das duas. Os
homens costumam ser ingratos, volúveis, covardes e ambiciosos de dinheiro; enquanto lhes proporcionas bene-
fícios, todos estão contigo. Todavia, quando a necessidade se aproxima, voltam-se para outra parte. Os homens
relutam menos em ofender aos que se fazem amar do que aos que se fazem temer, pois o amor se mantém por
um vínculo de obrigação, o qual, mercê da perfídia humana, rompe-se sempre que for conveniente, enquanto o
medo que se incute é alimentado pelo temor do castigo, sentimento que nunca se abandona.
(Maquiavel. O Príncipe, 2000. Adaptado.)
Considerando os conceitos filosóficos de “idealismo”, “metafísica” e “ética”, explique as diferenças entre as con-
cepções de política formuladas por Platão e por Maquiavel.