Tenho insistido também que a monarquia deve ser atribuída exclusivamente aos
varões, já que a ginecocracia vai contra a lei natural; esta deu aos homens a força, a
prudência, as armas, o poder. A lei de Deus ordena explicitamente que a mulher se
submeta ao homem, não só no governo de reinos e impérios, mas também na família. (...)
Também a lei civil proíbe à mulher os cargos e ofícios próprios ao homem. (...) É
extremamente perigoso que uma mulher ostente a soberania. (...) No caso de uma rainha
que não contraia o matrimônio — caso de uma verdadeira ginecocracia -, o Estado está
exposto a graves perigos procedentes tanto dos estrangeiros como dos súditos, pois
caso seja um povo generoso e de bom ânimo suportará mal que uma mulher exerça o
poder.
(Jean Bodin, Los seis libros de la republica. Edição espanhola de 1973, p. 224.)
A citação extraída do livro do jurista francês Jean Bodin (1530-1596), publicado em 1576,
refere-se ao exercício do poder soberano por mulheres, algo que seria contrário às leis
da natureza, à lei de Deus e às leis civis, de acordo com o pensamento político da época.
Contudo, uma importante monarca contemporânea a Bodin, Elizabeth Tudor, exerceu o
poder político em condições adversas e muitas vezes ameaçadoras à sua integridade
física, e seu longo reinado foi considerado pelos historiadores como a “época dourada”
da Inglaterra. Sobre a monarquia e o exercício do poder soberano, é correto afirmar:
a) Durante o século XVI, o poder soberano das monarquias europeias foi enfraquecido, devido
ao renascimento dos
impérios e do papado.
b) A lei sálica, presente nas constituições de alguns reinos europeus, permitia que as mulheres
exercessem o poder
soberano, e é contra essa lei que se coloca Jean Bodin.
e) O conceito de poder soberano foi determinante para o exercício da tirania dos reis
absolutistas no século XVI, que
governaram sozinhos ao fechar os parlamentos.
d) Elizabeth exerceu o poder soberano por tanto tempo porque aceitou dividi-lo com a Igreja
Anglicana.
e) O poder soberano de monarcas como Elizabeth se fundamentava no princípio de não
reconhecer poder superior ao do rei, a não ser o poder divino.