Um estudo recente feito no Pantanal dá uma
boa idéia de como o equilíbrio entre as espécies,
na natureza, é um verdadeiro quebra-cabeça. As peças
do quebra-cabeça são o tucano-toco, a arara-azul e o
manduvi. O tucano-toco é o único pássaro que consegue
abrir o fruto e engolir a semente do manduvi, sendo, assim,
o principal dispersor de suas sementes. O manduvi, por
sua vez, é uma das poucas árvores onde as araras-azuis
fazem seus ninhos.
Até aqui, tudo parece bem encaixado, mas... é
justamente o tucano-toco o maior predador de ovos de
arara-azul — mais da metade dos ovos das araras são
predados pelos tucanos. Então, ficamos na seguinte
encruzilhada: se não há tucanos-toco, os manduvis se
extinguem, pois não há dispersão de suas sementes e não
surgem novos manduvinhos, e isso afeta as araras-azuis,
que não têm onde fazer seus ninhos. Se, por outro lado, há
muitos tucanos-toco, eles dispersam as sementes dos
manduvis, e as araras-azuis têm muito lugar para fazer
seus ninhos, mas seus ovos são muito predados.
nema: (com adepições
De acordo com a situação descrita,
O o manduvi depende diretamente tanto do tucano-toco
“como da arara-azul para sua sobrevivência.
O © tucano-toco, depois de engolir sementes de
manduvi, digere-as e torna-as inviáveis.
O a conservação da arara-azul exige a redução da
população de manduvis e o aumento da população de
tucanos-toco.
© a conservação das araras-azuis depende também da
conservação dos tucanos-toco, apesar de estes serem
predadores daquelas.
@ a derrubada de manduvis em decorrência do
desmatamento diminui a disponibilidade de locais para
os tucanos fazerem seus ninhos.