Considere, a seguir, dois trechos de Sagarana, de João Guimarães Rosa, extraídos de “Corpo fechado” e “A hora e
vez de Augusto Matraga”, respectivamente.
E, quando espiei outra vez, vi exato: Targino, fixo, como um manequim, e Manuel Fulô pulando nele e o esfaqueando, pela
altura do peito — tudo com rara elegância e suma precisão. Targino girou na perna esquerda ceifando o ar com a direita;
capotou; e desviveu, num átimo. Seu rosto guardou um ar de temor salutar.
— Conheceu, diabo, o que é raça de Peixoto?!
(ROSA, João Guimarães. Corpo fechado. In: . Sagarana. Ficção completa. Rio de Janeiro: Nova Aguilar, 1994. p. 400. v. 1.)
Mas Nhô Augusto tinha o rosto radiante, e falou:
— Perguntem quem é que aí algum dia ouviu falar no nome de Nhô Augusto Esteves, das Pindaíbas?
— Virgem Santa! Eu logo vi que só podia ser você, meu primo Nhô Augusto...
Era o João Lomba, conhecido velho e meio parente. Nhô Augusto riu:
— E hein, hein João?!
— P'ra ver...
Então Augusto Matraga fechou um pouco os olhos, com sorriso intenso nos lábios lambuzados de sangue, e de seu rosto subia
um sério contentamento.
Daí mais, olhou, procurando João Lomba, e disse, agora sussurrando, sumido:
— Põe a benção na minha filha...seja lá onde for que ela esteja...E, Dionora...Fala com a Dionora que está tudo em ordem!
Depois morreu.
(ROSA, João Guimarães. A hora e a vez de Augusto Matraga. In: . Sagarana. Ficção completa.
Rio de Janeiro: Nova Aguilar, 1994. p. 462. v. 1.)
Com base nas informações apresentadas e na obra completa, assinale a alternativa correta.
a) Jureminho mata Matraga motivado pela disputa interna que travavam para conquistar a liderança do bando de jagunços,
após a morte do antigo chefe, Seu Joãozinho Bem-Bem.
b) O fazendeiro Joãozinho Bem-Bem contratou Manuel Fulô, famoso jagunço da localidade, para assassinar Targino, por
causa de uma disputa de terras que havia entre os dois.
c) Matraga repete o seu lema “todo mundo tem sua hora e sua vez”, fazendo alusão ao dia em que faria seu acerto de contas
com João Lomba, que lhe havia roubado a mulher, Dona Dionora.
d) Targino, mesmo com o corpo fechado por seu grupo de ciganos, não consegue se livrar da morte no duelo com Manuel
Fulô, provocado pela disputa da égua Beija-Fulô.
e) Amorte de Matraga é o desfecho de um combate que resulta em morte dupla, sinalizando a redenção que Nhô Augusto
”
prenuncia quando diz “P'ra o céu eu vou, nem que seja a porrete!...”.