Em maio deste ano, a divulgação do vídeo de uma
moça desacordada, vítima de um estupro coletivo, pro-
vocou grande indignação na população. Num primeiro
momento, prevaleceu a revolta diante da barbárie e a per-
cepção de que o machismo, base da chamada “cultura
do estupro”, persiste na sociedade. Passado o primeiro
momento, as opiniões divergentes começaram a surgir.
Entre os que não veem o machismo como propulsor de
crimes desse tipo estão aqueles (e aquelas!) que consi-
deraram os autores do ato uns “monstros”, o que faz do
episódio um caso isolado, perpetrado por pessoas más.
Houve quem analisasse o fato do ponto de vista da psico-
logia, sugerindo que, num estupro coletivo, o que importa
é o grupo, não a mulher (como ocorre nos trotes contra
calouros e na agressão entre torcidas de futebol). Mais
uma vez, temos uma reflexão que se propõe explicar os
fatos a luz do indivíduo e seu psiquismo. Outros deslocam
o problema para as classes sociais menos favorecidas.
São os que costumam ficar horrorizados com a existência
de favelas, ambientes onde meninas dançam com pouca
roupa ao som das letras machistas do funk.
(Thaís Nicoleti. “Discursos em torno da 'cultura do estupro”.
www. uol.com.br, 09.06.2016. Adaptado.)
Considerando o conjunto dos argumentos mobilizados no
texto para explicar a violência contra a mulher na socie-
dade atual, é correto afirmar que
(A) a “cultura do estupro” é um conceito educacional rela-
cionado sobretudo com o baixo nível de escolarização
da população.
(B) as origens e responsabilidades por tais acontecimen-
tos devem ser atribuídas tanto aos agentes quanto às
vítimas da agressão.
(C) a “cultura do estupro” é um conceito científico, rela-
cionado com desvios comportamentais de natureza
psiquiátrica.
(D) os episódios de barbárie social são provocados
exclusivamente pelas desigualdades materiais gera-
das pelo capitalismo.
(E) a abordagem opõe um enfoque antropológico, basea-
do em questões de gênero, a argumentos de natureza
moral, psicológica e social.