Mas eu me persuadi de que nada existia no mundo, que
não havia nenhum céu, nenhuma terra, espíritos alguns, nem
corpos alguns; me persuadi também, portanto, de que eu não
existia? Certamente não, eu existia, sem dúvida, se é que eu
me persuadi ou, apenas, pensei alguma coisa. Mas há algum,
não sei qual, enganador mui poderoso e mui ardiloso que
emprega toda a sua indústria em enganar-me sempre. Não há
pois dúvida alguma de que sou, se ele me engana; e, por mais
que me engane, não poderá jamais fazer com que eu nada
seja, enquanto eu pensar ser alguma coisa. De sorte que,
após ter pensado bastante nisto e de ter examinado cuidado-
samente todas as coisas, cumpre enfim concluir e ter por cons-
tante que esta proposição, penso, logo sou, é necessariamente
verdadeira, todas as vezes que a enuncio [...].
(René Descartes. Meditações, 1973.)
Segundo o texto, um dos pontos iniciais do método de
Descartes que o levou ao cogito (“penso, logo sou”) foi
A) a análise das partes.
B) a síntese das partes analisadas.
(
(
(C) o prevalecimento da alma sobre o raciocínio.
(D) o reconhecimento de um Deus enganador.
(
E) a arte da persuasão grega.