Em uma democracia viva, as fronteiras do que é “o possi-
vel” estão constantemente em questão, deixam de ser óbvias
e naturais. Questionar um aumento de tarifa de transporte
significa também questionar como são elaborados os orça-
mentos públicos, como são executados, como são estabele-
cidas as prioridades. O mesmo vale para os protestos contra
gastos com megaeventos como a Copa do Mundo e a Olim-
píada. [...]
Ao gritar e escrever “Não me representa”, quem se mani-
festa não quer apenas que o sistema político mude seu modo
de funcionar: pretende mudar o jeito como a representação
política é entendida.
(Marcos Nobre. Imobilismo em movimento:
da abertura democrática ao governo Dilma, 2013.)
(A) a prática de corrupção e desvio de dinheiro público, que
sempre prevaleceu nos espaços decisórios da política
brasileira, independentemente do grupo ou setor social
hegemônico.
(B) a manipulação dos manifestantes por partidos políticos,
que desejavam derrubar a presidente e criar condições
para uma mudança ideológica radical no comando polí-
tico do país.
(C) o esforço coletivo de segmentos políticos variados, que
defendiam a redemocratização brasi e a superação
da herança autoritária oriunda do regime civil-militar.
(D) o dinamismo das mobilizações, que combinavam reivindi-
cações pontuais com processos econômicos estruturais
e colocavam em debate a mecânica de representação e
as formas possíveis de participação política.
(E) a ingenuidade dos manifestantes, que restringiam seus
questionamentos a temas superficiais, sem perceber que
o funcionamento geral da política depende das decisões
políticas institucionais.