À primeira vista, porém, a arte do cinema aparenta ser
demasiado simples e até mesmo estúpida. Vê-se o Rei dan-
do um aperto de mão a um time de futebol; eis o iate de Sir
Thomas Lipton; eis, enfim, Jack Horner vencendo o Grand
National. Os olhos consomem tudo isso instantaneamente e
o cérebro, agradavelmente excitado, põe-se a observar as
coisas acontecerem sem se atarefar com nada. Mas qual é,
pois, a sua surpresa ao ser, de repente, despertado em meio
à sua agradável sonolência e chamado a prestar socorro? O
olho está em apuros. Necessita de ajuda. Diz, então, ao cé-
rebro: “Está ocorrendo algo que de modo algum posso enten-
der. Tu me és necessário”. Juntos olham para o Rei, o barco,
o cavalo e o cérebro; de imediato, vê que eles se revestiram
de uma qualidade que não pertence à mera fotografia da vida
mesma.
(Virginia Woolf. “O cinema”. Rapsódia, 2006. Adaptado.)
Com o surgimento da disciplina estética, no século XVIII,
entendeu-se que a arte é capaz de produzir ajuizamentos.
O texto aborda o tema por meio da constatação da autora
de que
(A) se estabeleceu maior relevância aos temas representa-
dos pelas artes.
(B) se reconheceu a importância da sensibilidade no proces-
so do conhecimento.
(C) ocorreu um intenso diálogo entre os artistas, tais como
cineastas e literários.
(D) houve a evolução das linguagens artísticas em relação
às suas técnicas.
(E) se proliferaram novas manifestações artísticas com pos-
turas críticas.