No entanto, ninguém, que olhasse em volta de Roma,
e de muitas outras cidades do Império, poderia ter
conjeturado que o projeto de conquista do mundo
havia sido refreado. Havia por toda parte imagens das
vitórias romanas e das derrotas dos bárbaros. Os
acordos diplomáticos com vizinhos inconvenientes
eram aclamados com manifestações espetaculares,
como se tivessem sido conseguidos com armas. Após
um tratado de paz particularmente inglório com
Tirídates, rei da Armênia, Nero persuadiu-o em 66 d.
C. a viajar milhares de quilômetros até Roma, para
receber sua coroa do próprio imperador — que na
ocasião trajava as roupas de um general triunfante e,
segundo se conta, cobriu todo o teatro de Pompeu com
folhas douradas, para tornar o evento deslumbrante.
Talvez essa tenha sido a forma mais fácil de conciliar
o contraditório legado do primeiro Augusto: usar a arte
e representação para compensar o fato de que, na vida
real, poucos bárbaros foram vencidos.
Adaptado de BEARD, Mary. SPQR: uma história da
Roma Antiga. São Paulo: Planeta, 2017.
A expansão do território sob o controle de Roma
durante a República e o Império foi a base da ascensão
do poder econômico e político dos romanos. Porém, a
estabilização da área sob o controle romano
representou um problema concreto para os
imperadores romanos, pois
a) a legitimidade do poder de cada imperador romano
era fortalecida por sua habilidade em projetar
liderança e sucesso militar.
b) as necessidades administrativas do império
implicavam em redução das despesas militares, o que
transformou os políticos romanos em pacifistas.
c) os povos bárbaros não representavam desafios
militares, pois preferiam a paz, o que impossibilitava
os imperadores de demonstrar sua liderança militar.
d) as sucessivas derrotas militares dos imperadores
romanos, desde a ascensão de Augusto ao trono em 14
a.C., limitaram o território sob o controle de Roma.
e) a burocracia do Estado romano provocou a
expansão do gasto público não relacionado a despesas
militares, o que levou os imperadores a simularem
sucesso militar para obter êxito político.