Leia a canção a seguir.
Eu faço samba e amor até mais tarde
E tenho muito sono de manhã
Escuto a correria da cidade, que arde
E apressa o dia de amanhã
De madrugada a gente ainda se ama
E a fábrica começa a buzinar
O trânsito contorna a nossa cama, reclama
Do nosso eterno espreguiçar
No colo da bem-vinda companheira
No corpo do bendito violão
Eu faço samba e amor a noite inteira
Não tenho a quem prestar satisfação
Eu faço samba e amor até mais tarde
E tenho muito mais o que fazer
Escuto a correria da cidade, que alarde
Será que é tão difícil amanhecer?
Não sei se preguiçoso ou se covarde
Debaixo do meu cobertor de lã
Eu faço samba e amor até mais tarde
E tenho muito sono de manhã
Chico Buarque. Samba e amor, 1970 (álbum Per un pugno di
samba).
Com base na canção e nos conhecimentos sobre Teoria da
História e História Contemporânea, assinale a alternativa
correta.
a)
Cada cultura é marcada por uma concepção de tempo, que
orienta os agentes históricos de forma determinista, impos-
sibilitando, portanto, a reinvenção do cotidiano por meio de
práticas sociais.
A partir da Revolução Industrial, houve a emergência de uma
nova concepção de tempo, marcada pela utilização do reló-
gio; entretanto, essa visão permaneceu circunscrita ao con-
texto histórico inglês.
O campo e a cidade são marcados por diferentes concep-
ções e ritmos de tempo, sendo possível ressaltar a dinâmica
da natureza nas zonas rurais, desconectadas, no Brasil, de
uma perspectiva temporal capitalista.
O tempo encontra-se inscrito na própria materialidade que
caracteriza o cotidiano, como o relógio, a cama e o violão,
indicando que suas diferentes percepções são impessoais e
independem da dimensão tangível.
O tempo envolve a percepção de um passado e uma expec-
tativa de futuro, orientando, portanto, as ações no presente e
remetendo à historicidade que marca o cotidiano dos agentes
históricos.