Texto |
Eu amo a rua. Esse sentimento de natureza toda íntima
não vos seria revelado por mim se não julgasse, e razões
não tivesse para julgar, que este amor assim absoluto e
assim exagerado é partilhado por todos vós. Nós somos.
irmãos, nós nos sentimos parecidos e iguais; nas cidades,
nas aldeias, nos povoados, não porque soframos, com a
dor e os desprazeres, a lei e a polícia, mas porque nos
une, nivela e agremia o amor da rua. É este mesmo o
sentimento imperturbável e indissolúvel, o único que,
como a própria vida, resiste às idades e às épocas.
FIO, J. Ans. In: Alma encantadora das mas. São Pao:
“Comparbia das Letras 2008 (ragmento)
Texto II
Arua dava-lhe uma força de fisionomia, mais consciência
dela. Como se sentia estar no seu reino, na região em
que era rainha e imperatriz. O olhar cobiçoso dos homens
e o de inveja das mulheres acabavam o sentimento de
sua personalidade, exaltavam-no até. Dirigiu-se para a
rua do Catete com o seu passo miúdo e sólido. [..] No
caminho trocou cumprimento com as raparigas pobres
de uma casa de cômodos da vizinhança.
[..] E debaixo dos olhares maravilhados das pobres
raparigas, ela continuou o seu caminho, arrepanhando a
saia, satisfeita que nem uma duquesa atravessando os
seus domínios.
BARRETO, L Um out. i: Clam dosarios Rio de Janeiro: Esibra Móro (rapto)
A experiência urbana é um tema recorrente em crônicas,
contos e romances do final do século XIX e início
do XX, muitos dos quais elegem a rua para explorar
essa experiência. Nos fragmentos | e Il, a rua é vista,
respectivamente, como lugar que
O desperta sensações contraditórias e desejo de
reconhecimento.
favorece o cultivo da intimidade e a exposição dos
dotes físicos.
possibilita vínculos pessoais duradouros e encontros
casuais.
propiciao sentido de comunidade e a exibição pessoal.
promove o anonimato e a segregação social.
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