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TEXTO 1
Em defesa dos adjetivos
Muitas vezes nos mandam cortar nossos adjetivos. O bom estilo, conforme dizem, sobrevive
perfeitamente sem eles: bastariam o resistente arco dos substantivos e a flecha dinâmica e
onipresente dos verbos. Contudo, um mundo sem adjetivos é triste como um hospital no
domingo. A luz azul se infiltra pelas janelas frias, as lâmpadas fluorescentes emitem um
murmúrio débil.
Substantivos e verbos bastam apenas a soldados e líderes de países totalitários. Pois o
adjetivo é o imprescindível avalista da individualidade de pessoas e coisas. Vejo uma pilha
de melões na bancada de uma quitanda. Para um adversário dos adjetivos, não há dificuldade:
“Melões estão empilhados na bancada da quitanda.” Todavia um dos melões é pálido [...]: outro
é verde, imaturo, cheio de arrogância juvenil: outro ainda tem faces encovadas e está perdido
num silêncio profundo e fúnebre [...]
Vida longa ao adjetivo! Pequeno ou grande, esquecido ou corrente. Precisamos de você,
esbelto e maleável adjetivo que repousa delicadamente sobre coisas e pessoas e cuida para que
elas não percam o gosto revigorante da individualidade. Cidades e ruas sombrias se banham de
um sol pálido e cruel. Nuvens cor de asa de pombo, nuvens negras. nuvens enormes e cheias
de fúria, o que seria de vocês sem a retaguarda dos voláteis adjetivos?
A ética também não sobreviveria um dia sem adjetivos. Bom, mau, sagaz, generoso,
vingativo, apaixonado, nobre — essas palavras cintilam como guilhotinas afiadas
E também não existiriam as lembranças não fosse pelo adjetivo. A memória é feita de
adjetivos. Uma rua comprida, um dia abrasador de agosto, o portão rangente que dá para um
jardim e ali, em meio aos pés de groselha cobertos pelo pó do verão. os teus dedos despachados.
(tudo bem, teus é pronome possessivo).
ZAGAJEWSKI, Adam. Em defesa dos adjetivos. Piauí 52, Sao Paulo,
Jan. 2011, p. 47.
TEXTO 2
Vamos chamar de nomes um grupo de itens tradicionalmente chamados “substantivos” e
“adjetivos”: os nomes, nessa definição. são uma subclasse dos nominais.
PERINI, Mário. Gramática do portugues brasileiro. Sao Paulo: Parábola, 2010. p. 300.
1. APRESENTE dois argumentos de que o autor se vale, no Texto 1, para defender o emprego do
adjetivo.
Argumento 1:
Argumento 2:
2) Relacionando o conteúdo dos textos 1 e 2, ANALISE a principal diferença entre eles.