“A despeito de todas as conquistas
provenientes da elaboração da ideia de direitos
humanos, o crime de estupro é associado ao sexo, e
não à violência, e seus índices sequer são
diminuídos nas sociedades contemporâneas de
controle e promoção de segurança. O estupro é
crime cometido preponderantemente contra as
mulheres também por se tratar de um corpo
compreendido como algo para um outro que é tido
como mais forte, com mais poderes e, portanto,
mais direitos. [...] Estupra-se significativamente
mais as mulheres porque são elas que têm, segundo
a tradição, o corpo frágil para reagir. [...] Trata-se
de um crime autorizado pela tradição, sobre o qual o
poder de qualquer regime jurídico/penal não tem
qualquer valor. Neste aspecto da vida em
sociedades, a despeito de quais sejam as avaliações
possíveis - se “atrasadas” ou “avançadas”, “mais
civilizadas” ou ‘mais primitivas” -, as mulheres
seguem tendo um destino traçado pelo modo
falocêntrico de interpretar a natureza e de dar
seguimento a tradições.”
LOPES, A. D. Sobre esse gênero que não nos pertence e os
poderes a nos pertencer. In: Kalagatos - Revista de
Filosofia, Vol. 15, nº 2, 2018, p. 34-55 — Adaptado.
Considerando a citação acima, assinale a afirmação
verdadeira.
A) Com os debates atualmente desenvolvidos
sobre os direitos humanos, mais
particularmente no que se refere à segurança, o
número de estupros de mulheres diminuiu.
B) A cultura do estupro é própria das sociedades
atrasadas, primitivas e que não alcançaram
grau suficiente de civilização, sustentando-se
em uma tradição falocêntrica.
C) A tradição patriarcal e falocêntrica compreende
a mulher como sexo frágil e legitima a proteção
de seu corpo pelo homem, visto como mais
forte, defendendo-a contra estupros.
D) A tipificação legal do estupro como crime não
basta para diminui-lo, pois ele não se ampara
na falta de leis e punições, mas na tradição que
afirma o poder do homem sobre a mulher.