Etimologicamente, a palavra “sertão” designa espaço distante e longínquo e, portanto,
indefinido culturalmente e espacialmente, a partir dos anos 50 e 60 do século XX, o termo sertão passou a
acionar dispositivos simbólicos e culturais que se referem principalmente ao Nordeste Brasileiro. Sobre essa
formação conceitual de “sertão” atrelado ao Nordeste, podemos corretamente afirmar:
A) Desde os primórdios da colonização, o sertão nordestino foi definido, pelos grandes centros urbanos, como o
Rio de Janeiro, como um sistema agropastoril dos currais, com seus rígidos dispositivos de hierarquização e seus
agentes sócio históricos, como o vaqueiro, o coronel e o jagunço;
B) A aridez geomorfológica e climática do sertão nordestino tornou-se desconhecida para o restante do Brasil, ao
longo do século XIX, em boa medida, devido ao silenciamento dos romancistas, jornalistas e viajantes da época
que preferiam falar do nordeste litorâneo como se fosse de toda a região;
C) Apesar da vegetação rasteira formada por arbustos e cactos, denominada caatinga, o Nordeste abriga uma
história de progresso econômico e social, sendo as catástrofes humanas decorrentes da escassez de água, inclusive
para o consumo humano, fruto muito mais da literatura do que um fato concreto da realidade;
D) Intelectuais-artistas como Euclides da Cunha, Graciliano Ramos e Glauber Rocha, dentre outros, são
importantes artífices simbólicos, políticos e expressivos da narrativa de significados do sertão nordestino como
normalmente se ver na atualidade em todo país, inclusive no exterior;
E) A indústria da seca, típica dos políticos nordestinos quando querem pedir verbas aos órgãos federais e
internacionais, é suficiente para explicar a imagem da fome e da violência que perpassa o imaginário sobre o
Nordeste na atualidade.