A) Ao se falar sobre a esfera socioeconômica brasileira, Sérgio Buarque de Hollanda identifica um padrão
em que o favoritismo, o conluio e o privilégio se sobrepõem à justiça por oportunidades no país.
[...] Assim, raramente se tem podido chegar, na esfera dos negócios, a uma adequada racionalização;
o freguês ou o cliente há de assumir de preferência a posição do amigo. Não há dúvida de que, desse
comportamento social, em que o sistema de relações se edifica essencialmente sobre laços diretos, de
pessoa a pessoa, procedam os principais obstáculos que [...] se erigem contra a rígida aplicação das normas
de justiça e de quaisquer prescrições legais.
HOLLANDA, Sergio Buarque de. Raízes do Brasil. 26.ed. São Paulo: Cia das Letras, 1995. p. 136
Considerando-se a explanação de Sérgio Buarque de Hollanda, discorra sobre como as culturas do
favoritismo e da fraude são expostas no conto “O homem que sabia javanês”, de Lima Barreto, citando
elementos do enredo.
B) Considerando-se a cultura do favoritismo e da fraude na conjuntura brasileira, redija um texto,
comparando os personagens Castelo (do conto “O homem que sabia javanês”) e Hildegardo Brandão, o
Cazuza (do conto “O único assassinato de Cazuza”), ambos criados por Lima Barreto, a partir do
contraste entre o “vencedor” e o “perdedor” aos olhos da sociedade, refletindo sobre o contexto de suas
trajetórias e suas escolhas morais. Considere a alegoria que cada um representa na realidade nacional,
citando elementos dos enredos dos contos.