Texto 1
Uma em cada dez crianças brasileiras de até 5 anos está acima do peso. O excesso de peso também foi registrado
em mais da metade das mães com filhos nessa faixa etária: 58,5%. Os dados são do Estudo Nacional de Alimentação e
Nutrição Infantil (Enani-2019). Encomendada pelo Ministério da Saúde, a pesquisa avaliou 14558 crianças e 12 155 mães
biológicas em 12524 domicílios brasileiros, em 123 municípios dos 26 estados e do Distrito Federal, entre fevereiro de
2019 e março de 2020.
Segundo pesquisadores, o excesso de peso prejudica o crescimento e o desenvolvimento infantil e pode gerar doenças
crônicas graves ao longo da vida, como problemas cardiovasculares, diabetes, hipertensão e até câncer. Entre as crianças
brasileiras menores de cinco anos, 7% apresentam sobrepeso e 3% obesidade. Entre as mães biológicas de filhos nessa
faixa etária, o sobrepeso aparece em 32,2% dos casos e a obesidade em 26,3%, explicou, em nota, o coordenador do
Enani-2019, Gilberto Kac, professor titular do Instituto de Nutrição Josué de Castro, da Universidade do Rio de Janeiro
(INJC/UFRJ).
(Ana Cristina Campos. “Uma em cada dez crianças de até 5 anos está acima do peso no Brasil”.
https://agenciabrasil.ebc.com.br, 08.02.2022. Adaptado.)
Texto 2
Os hábitos adotados pelos pais e demais familiares podem ter influência no peso da criança, de acordo com a comunidade
médica. “A cultura familiar é muito importante, pois as crianças consomem os alimentos oferecidos pelos pais e seguem as
regras alimentares da casa”, diz Rubens Feferbaum, pediatra e nutrólogo, presidente do Departamento de Nutrição da Socie-
dade de Pediatria de São Paulo (SPSP). Além disso, é durante a infância que muitos dos hábitos alimentares que levamos
para toda a vida são formados. E muito do que é aprendido pela criança é absorvido por meio da observação.
“É importantíssimo que os pais deem bons exemplos de alimentação saudável, especialmente até os dois anos de ida-
de, quando o paladar é formado”, afirma Cintia Cercato, endocrinologista da Universidade de São Paulo (USP) e presidente
da Associação Brasileira para o Estudo da Obesidade e da Síndrome Metabólica (Abeso). “Oferecer alimentos saudáveis
em diversos formatos e combinações diferentes é sempre uma boa ideia, assim como organizar refeições em família para
que a criança se sinta motivada a comer bem”, diz a endocrinologista. A especialista ainda recomenda convidar as crianças
sempre que possível para participar do preparo dos alimentos, de forma que elas se sintam incluídas na rotina alimentar
da família. Essas medidas podem contribuir para combater o sobrepeso e a obesidade. Por outro lado, a genética também
tem um peso importante. Segundo Cercato, a chance de filhos de pais obesos sofrerem do mesmo problema pode chegar
a 80%. Mas, se os pais têm peso normal, a probabilidade cai para menos de 10%.
(Julia Braun. “Obesidade infantil: as razões por trás do aumento de peso entre as crianças brasileiras”. www.uol.com.br, 21.03.2022. Adaptado.)
Texto 3
Uma em cada três crianças com menos de cinco anos está desnutrida ou sofre de sobrepeso ou de obesidade no mun-
do, calcula o Fundo da ONU para a Infância (Unicef) em relatório publicado em 15 de outubro de 2019. “Esses problemas
são uma ameaça para o crescimento das crianças”, por isso são uma questão de saúde pública, explica Victor Aguayo,
responsável pelo Programa Mundial de Nutrição do Unicef. Segundo o especialista, essas crianças talvez nunca alcancem
o seu pleno potencial físico e intelectual.
Esta situação está estreitamente relacionada à pobreza, pois afeta mais os países pobres e as populações em situação
precária nos países ricos. São inúmeras as razões que podem ter impacto sobre a nutrição infantil, uma delas é o fato de
que dietas tradicionais têm sido substituídas por hábitos de consumo ricos em gorduras e açúcares, com baixa concentra-
ção de nutrientes.
De acordo com os dados do Unicef, 340 milhões de crianças sofrem de carências alimentares. Elas recebem o número de
calorias suficientes, mas não o de minerais e vitaminas indispensáveis para o seu desenvolvimento, como ferro, iodo, vitaminas
Aec, devido, principalmente, à falta de frutas, verduras e produtos de origem animal na dieta. Estas carências podem ter conse-
quências físicas e intelectuais severas, como sistema imunológico deficiente, problemas de vista ou de audição. Este fenômeno
começa muito cedo, com uma amamentação insuficiente e uma diversificação alimentar baseada em produtos impróprios, e se
agrava com a crescente acessibilidade a alimentos ricos em calorias, mas pobres em nutrientes, como o macarrão instantâneo.
O órgão convoca os governos a promoverem os alimentos necessários para uma dieta equilibrada e a agirem para que
ela seja acessível economicamente.
(RFI — rádio francesa de notícias. “Falta de acesso à alimentação de qualidade causa obesidade e subnutrição”.
https://g1.globo.com, 15.10.2019. Adaptado.)
Com base nos textos apresentados e em seus próprios conhecimentos, escreva um texto dissertativo-argumentativo,
empregando a norma-padrão da língua portuguesa, sobre o tema:
SOBREPESO E OBESIDADE INFANTIL:
ENTRE AS RESPONSABILIDADES DA FAMÍLIA E DO ESTADO