No início de um dos contos de Machado de Assis, o narrador assim se pronuncia diante de um interessado interlocutor:
Parece-lhe então que o que se deu comigo em 1860 pode entrar numa página de livro? [...] Pediu-me um documento humano,
ei-lo aqui. Não me peça também o império do Grão-Mogol, nem a fotografia dos Macabeus; peça, porém, os meus sapatos de
defunto e não os dou a ninguém mais.
Manifesta-se nessa fala do narrador uma das características essenciais do escritor Machado de Assis, qual seja,
(A) o desapego das experiências cotidianas em favor da imaginação mais fantasiosa.
(B) o compromisso com a restauração de valores clássicos da nossa civilização.
(C) a tendência naturalista de desgarrar-se do âmbito pessoal em nome do coletivo.
(D) a transmissão de experiências reais e exemplares representa um legado valioso.
(E) o emprego da ironia dissolve a possibilidade da análise crítica de um fato vivido.