Leia o fragmento a seguir, retirado do romance “Niketche: uma história de poligamia”, de Paulina Chiziane.
Fico feliz. Fico triste. Eles nem imaginam que a mãe que partiu para a festa de aniversário não é a mesma
que regressa. Ah, mas como esta viagem me transformou! Comecei a frequentar a casa da Lu. A partilhar
segredos. O Vito passou a ser a sombra misteriosa perseguindo a sombra do meu ser. A lua que brilha na
fresta da minha janela. Excelente amante polígamo, distribuindo-nos amor roubado, numa escala justa, tudo
por igual. A situação embaraçava-me, por vezes enjoava-me. A minha consciência censurava-me, mas o
meu corpo estava lá à hora combinada, absolutamente dependente daqueles encontros secretos como uma
viciada em heroína. Por vezes me assalta o medo de ser descoberta. Quando o Tony der por mim, o manto
da fidelidade estará roído até ao último fio. A moral é uma moeda. De um lado o pecado, de outro lado a
virtude. Silêncio e segredo unidos, no equilíbrio do mundo.
(CHIZIANE, P. Niketche: uma história de poligamia. São Paulo: Companhia das Letras, 2004. p.88-89.)
Nesse fragmento, a narradora-protagonista Rami expressa seus sentimentos, após a festa de aniversário na
casa de Luísa.
Com base nesse fragmento e nessas informações, responda aos itens a seguir.
a) Qual é a relação entre as personagens Rami, Vito e Luísa?
b) Explique de que modo os enunciados “A lua que brilha na fresta da minha janela.” e “A moral é uma
moeda.” são imagens que sintetizam o acontecimento de grande transformação na vida de Rami.