O ventre contraído pelo temor da privação, pelo medo da
fome e do amanhã, assim segue o homem do ano 1000, mal
alimentado, penando para, com suas ferramentas precárias,
tirar seu pão da terra. Mas esse mundo difícil, de privação, é
um mundo em que a fraternidade e a solidariedade garantem
a sobrevivência e uma redistribuição das magras riquezas.
Partilhada, a pobreza é o quinhão comum. Ela não condena,
como hoje, à solidão o indivíduo desabrigado, encolhido
numa plataforma de metrô ou esquecido numa calçada. A
verdadeira miséria aparece mais tarde, no século XII, brus-
camente, nos arredores das cidades onde se amontoam os
marginalizados.
(Georges Duby, 4no 1000 ano 2000: na pista de nossos medos.)
A partir do fragmento, pode-se concluir que o surgimento da
miséria no século XII associou-se
(A) aos valores medievais, que favoreciam a concentração
de riquezas.
(B) às ações do clero, que desestimulavam a livre iniciativa
e a busca do lucro.
(C) à estrutura produtiva medieval, que assegurava apenas a
subsistência.
(D) ao crescimento do comércio, que trouxe consigo a busca
do lucro individual.
(E) à economia solidária, que não estimulava o aumento da
produção.