Jogar limpo
Argumentar não é ganhar uma discussão a qualquer
preço. Convencer alguém de algo é, antes de tudo, uma
altemativa à prática de ganhar uma questão no grito ou na
violência física — ou não física. Não física, dois pontos. Um
político que mente descaradamente pode cativar eleitores.
Uma publicidade que joga baixo pode constranger multidões a
consumir um produto danoso ao ambiente. Há manipulações
psicológicas não só na religião. E é comum pessoas agirem.
emocionalmente, porque vítimas de ardilosa — e cangoteira —
sedução. Embora a eficácia a todo preço não seja argumentar,
tampouco se trata de admitir só verdades científicas —
formar opinião apenas depois de ver a demonstração e as
evidências, como a ciência faz. Argumentar é matéria da vida
cotidiana, uma forma de retórica, mas é um raciocínio que
tenta convencer sem se tornar mero cálculo manipulativo, e
pode ser rigoroso sem ser científico.
Lingua Portuguesa, So Pau, ano 8, 1.6, br. 2011 (odaçtado
No fragmento, opta-se por uma construção linguística
bastante diferente em relação aos padrões normalmente
empregados na escrita. Trata-se da frase “Não física, dois
pontos”. Nesse contexto, a escolha por se representar por
extenso o sinal de pontuação que deveria ser utilizado
O enfatiza a metáfora de que o autor se vale para
desenvolver seu ponto de vista sobre a arte de
argumentar.
O diz respeito a um recurso de metalinguagem,
evidenciando as relações e as estruturas presentes
no enunciado.
O éumrecurso estilístico que promove satisfatoriamente
a sequenciação de ideias, introduzindo apostos
exemplificativos.
O ilustra a flexibilidade na estruturação do gênero textual, a
qual se concretiza no emprego da linguagem conotativa.
O prejudica a sequência do texto, provocando
estranheza no leitor ao não desenvolver explicitamente
o raciocínio a partir de argumentos.