As relações servis de produção, vigentes na
Alta Idade Média da Europa Ocidental,
implicavam um vínculo desigual de obrigações
entre senhor e servo. Apesar de vigorar um
sistema social estanque e de classes
estamentais, em que as pesadas obrigações do
trabalhador adstrito à gleba eram previsíveis e
inquestionáveis, algumas brechas de liberdade
possíveis aos servos serviam para
contrabalançar o poder dos senhores como:
O a existência de um laço religioso de
obrigações sagradas entre senhor e servo,
que impedia qualquer tipo de excesso da
parte dos primeiros no caso de punições
aos trabalhadores.
O a elasticidade das práticas senhoriais de
patronagem e proteção necessárias para
aplacar os reclamos e as privações dos
servos e de suas famílias.
O a participação nas guerras, ao lado dos
senhores, quando os servos atuavam como
guerreiros vinculados aos senhores, e
assim poderiam tomar parte na divisão das
pilhagens.
O a dependência econômica dos senhores
relativa às taxas pagas pelos servos pelo
uso dos equipamentos do feudo, as
chamadas “banalidades”.
O o cultivo ou as pastagens nas terras
comunais, quando os camponeses, livres
ou servos, trabalhavam em conjunto e
realizavam festas de colheita com sentido
religioso.