Texto X
Quando a gente [...] se aproxima [do rei], caem
de joelhos e cobrem suas cabeças com pó, que é
uma forma de mostrar respeito. Quando seus reis
morrem, constroem seu túmulo em forma de cúpula
de madeira. Então levam-nos em uma cama coberta
com alguns tapetes e os introduzem dentro da
cúpula. Colocam junto seus ornamentos, suas armas
e a vasilha que usavam para comer e beber, cheia
de comidas e bebidas diversas [...] Colocam ali
também os homens que lhes serviam a comida,
fecham a porta da cúpula e a cobrem com esteiras e
objetos; reúnem depois o povo, que joga terra em
cima dela até que se forme um monte.
(Relato do geógrafo árabe Al-Bakri, no século XI sobre o
sepultamento do rei de Gana, In MATTOS, Regiane Augusto.
História e Cultura afro- brasileira. 1 ed. São Paulo: Contexto,
2009,p.21)
No relato de Al-Bakri sobre o sepultamento dos
reis de Gana no século XI identifica-se:
O a convicção religiosa tradicional de
oferendas, que confirma o culto pagão aos
mortos nas sociedades africanas antes da
chegada do cristianismo — naquele
continente.
O a banalização da morte entre as populações
que viviam em Gana, pois a crença em uma
vida após a morte tornava-a um fenômeno
natural.
O aspectos culturais de um povo não cristão,
e por isso mesmo carregado de violência
contra sua população.
O a veneração do rei pelos seus súditos, o que
naturaliza o sacrifício dos servidores de
alimentos do rei por ocasião da morte do
soberano.
O aa prática religiosa em que havia oferendas
de objetos pessoais aos mortos,
independente da classe social a que eles
pertencessem.