Inscrição
Eu via luz em um pais perdido.
Aminha alma é languida* e inerme*.
Oh! Quem pudesse deslizar sem ruído!
No chão sumir-se, como faz um verme
*lângi sem força, fraca, doentia
*inerme: desarmada, sem defesa
A imagem do verme, criatura que se pode
analisar cientificamente através de métodos e
equipamentos tecnológicos, é metaforicamente
empregada por Camilo Pessanha:
como representação do cientificismo que
marcou sua obra.
O para sugerir uma condição do mundo
interior, metafísico, conflitante com o mundo
exterior, marcado, na segunda metade do
séc. XIX, pela racionalidade — técnico-
científica.
O para fazer referência à superioridade da
existência humana dotada de racionalidade,
ou seja, da capacidade de harmonizar-se
com a realidade social e manipulá-la por
meio da tecnologia.
O para sugerir o reducionismo da existência ao
gozo das investigações científicas.
O para provocar no leitor uma visão religiosa
da fragilidade humana diante da perfeição
do mundo natural.