Leia esta passagem:
“O aspecto da casa revelava, bem como seu interior, a pobreza da habitação.
A mobília da sala consistia em sofá, seis cadeiras e dois consolos de jacarandá, que já não
conservavam o menor vestígio de verniz. O papel da parede de branco passara a amarelo e percebia-
havia sofrido hábeis remendos.
se que em alguns pontos j
Outra singularidade apresentava essa parte da habitação: era o frisante contraste que faziam
coma pobreza carrança dos dois aposentos certos objetos, aí colocados, e de uso do morador.
Assim, no recosto de uma das velhas cadeiras de jacarandá via-se neste momento uma casaca
preta, que pela fazenda superior, mas sobretudo pelo corte elegante e esmero do trabalho, conhecia-se
tero chique da casa do Raunier, que já era naquele tempo o alfaiate da moda.
Ao lado da casaca estava o resto de um traje de baile, que todo ele saíra daquela mesma tesoura
em voga: finíssimo chapéu claque do melhor fabricante de Paris: luvas de Jouvin cor de palha; e um
par de botinas como o Campas só fazia para os seus fregueses prediletos.
Um observador reconheceria nesse disparate a prova material de completa divergência entre a
vida exterior e a vida doméstica da pessoa que ocupava esta parte da casa.”
ALENCAR, José de. Senhora. São Paulo: DCL, 2005. p.19-20.
(Grandes Nomes da Literatura)
Com base na leitura dessa passagem, REDIJA um texto, explicando o motivo da “divergência entre a
vida exterior e a vida doméstica” do personagem Fernando Seixas, apontada no último parágrafo
transcrito.