(...) pediu-me desculpa da alegria, dizendo que era alegria
de pobre que não via, desde muitos anos, uma nota de
cinco mil réis.
— Pois está em suas mãos ver outras muitas, disse eu.
— Sim? acudiu ele, dando um bote pra mim.
- Trabalhando, concluí eu. Fez um gesto de desdém;
calou-se alguns instantes, depois disse-me positivamente
que não queria trabalhar.
(Machado de Assis, Memórias póstumas de Brás Cubas. São Paulo:
Ateliê Editorial, 2001, p.158.)
O trecho citado diz respeito ao encontro entre Brás Cubas
e Quincas Borba, no capítulo 49, e, mais precisamente,
apanha o momento em que Brás dá uma esmola ao amigo.
Considerando o conjunto do romance, é correto afirmar
que essa passagem
a) explicita a desigualdade das classes sociais na
primeira metade do século XIX e propõe a categoria de
trabalho como fator fundamental para a emancipação
do pobre.
b) indica o ponto de vista da personagem Brás Cubas e
propõe a meritocracia como dispositivo pedagógico e
moral para a promoção do ser humano no século XIX
c) elabora, por meio do narrador, o preconceito da classe
social a que pertence Brás Cubas em relação à classe
média do século XIX, na qual se insere Quincas Borba.
d) sugere as posições de classe social das personagens
machadianas, mediante um narrador que valoriza o
trabalho, embora ele mesmo, sendo rico, não trabalhe.