Texto 5
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b)
Platão defendeu, no Banquete, em Fedra e em outros textos, a existência de um espírito místico ou furor envia-
do pelo céu, através do qual uns poucos eleitos se “inspiravam”: “As maiores bênçãos vêm por intermédio da loucura,
aliás, da loucura que é enviada pelo céu.” Possuídas assim por visões transcendentais ou por conhecimentos trans-
cendentais, essas pessoas desfrutavam de uma “loucura divina”, que as elevava acima dos mortais.
A concepção freudiana do gênio era bastante diferente. Não era uma dádiva dos deuses, mas resultado dos
processos do inconsciente; não vinha de cima, mas de dentro, das profundezas. [...]
A“arte” e a habilidade artística, mais que a inspiração, eram consideradas a marca do artista ou do escritor, e as
estruturas de patronagem do mundo das letras tradicional proviam fortes argumentos a favor da conformidade social,
em vez de excentricidade do artista.
Isso não quer dizer que a “imaginação” e o “gênio” visionário estivessem em baixa em terrenos críticos. Mas a
teoria clássica, modificada pela psicologia empirista do Iluminismo, insistia que a imaginação não deveria ser obstina-
da, idiossincrática e visionária, mas residir na sólida formação dos sentidos e ser temperada pelo juízo. O verdadeiro
gênio era um impulso orgânico saudável para a combinação das matérias-primas da mente.
PORTER, Roy. Uma História Social da Loucura. Rio de Janeiro: Jorge Zahar Editor, 1990. p.81-82.
No texto 5, Roy Porter aborda concepções distintas de genialidade. Sem reproduzir as palavras do autor, explique a
diferença que ele estabelece entre tais conceitos.
Considerando os textos 1, 2 e 3, identifique aquele que retoma o que é posto no primeiro parágrafo do texto 5. Justifi-
que a sua escolha