Texto 4
A amizade, nos séculos XVIII e XIX, é aceita, valorizada, mas não está em evidência. O amor, o casal e a família
ocupam o primeiro plano. As práticas de amizade acrescentam-se a eles, desempenhando muitas vezes papéis se-
cundários. A amizade é alegria suplementar, marca de uma eleição, não é uma instituição. Ela estabelece redes de
influência, inventa lugares de convivência e laços de resistência enquanto se multiplicam para a maioria as oportuni-
5 dades de encontros e de interações,
Todos a dizem essencial: na verdade, é “acessória”. Seu exercício voluntário torna-lhe a existência mais frágil,
mais submetida ao acaso. Os valores da amizade parecem tanto mais invocados quanto mais outras obrigações,
outras injunções tendem a limitar de fato a possibilidade do seu exercício. A amizade no entanto se exerce, ela ocu-
pa, é atuante. Esse exercício da amizade forma e transforma: praticando-o, elaboram-se tanto o si mesmo quanto o
40 entre-si. Indo ao encontro dos outros, é ao encontro de si mesma que a pessoa se lança. Nela se conjugam a alegria
comum e o ethos, que eu gostaria de traduzir ao mesmo tempo como uso e como fragmento de ética.
VINCENT-BUFFAULT, Anne. Da amizade: uma história do exercício da amizade nos séculos XVIII e XIX.
Trad. de Maria Luiza X. de A. Borges. Rio de Janeiro: Jorge Zahar Editor, 1996. p. 9.
a) O Texto 4 revela o caráter secundário da amizade nos séculos XVIII e XIX, o que fica explícito em “O amor, o casal e a
família ocupam o primeiro plano. As práticas de amizade acrescentam-se a eles, desempenhando muitas vezes papéis
secundários.” Transcreva do 2º parágrafo do texto 4 o adjetivo que reitera essa ideia.
b) Tendo em vista a regra básica de concordância verbal, identifique o sujeito de “se multiplicam”, no último período do
1 parágrafo do Texto 4
e) No Texto 4, há o predomínio de um determinado tempo verbal. Identifique-o e explique o seu emprego.