“Num país pequeno e despovoado como o meu, a militarização da sociedade não corresponde a nenhum projeto expansio-
nista; não serve também para a defesa das fronteiras, por ninguém ameaçadas. Trata-se de criar uma economia de guerra
em tempo de paz? Mas as armas vêm de fora e os inimigos estão dentro. Quem são os inimigos? Quantos sobraram?
No Uruguai existem de quatro a cinco mil presos políticos. Não é pouco. No começo, foram os guerrilheiros. Depois, os
militantes dos partidos de esquerda. Depois, os sindicalistas. Depois, os intelectuais. Depois, políticos tradicionais. Depois,
qualquer um. A máquina não para, exige combustível, enlouquece, devora o inventor: os partidos de direita outorgaram po-
deres especiais e recursos extraordinários às forças armadas para livrar-se dos Tupamaros e em pouco tempo os militares
ficaram com o poder e liquidaram os partidos”.
GALEANO, Eduardo. “Negócios livres, gente presa?” Vozes crônicas. “Che” e outras histórias. São Paulo: Global/Versus, 1978.
A partir da leitura do texto acima e de seus conhecimentos sobre as ditaduras militares instauradas na América Latina nas
décadas de 1960 e 1970, faça o que se pede.
a) Explique os princípios da chamada Doutrina de Segurança Nacional, elaborada em diversos regimes ditatoriais mili-
tares na região, nessa época.
b) Indique duas características comuns a essas ditaduras militares.