No dia 21 de setembro de 2015, Sérgio Rodrigues, crítico
literário, comentou que apontar no título do filme Que horas ela
volta? um erro de português “revela visão curta sobre como a
lingua funciona”. E justifica:
“O título do filme, tirado da fala de um personagem, está em
registro coloquial. Que ano você nasceu? Que série você
estuda? e frases do gênero são familiares a todos os
brasileiros, mesmo com alto grau de escolaridade. Será preciso
reafirmar a esta altura do século 21 que obras de arte têm
liberdade para transgressões muito maiores?
Pretender que uma obra de ficção tenha o mesmo grau de
formalidade de um editorial de jornal ou relatório de firma
revela um jeito autoritário de compreender o funcionamento
não só da língua, mas da arte também.”
(Adaptado do blog Melhor Dizendo. Post completo disponível em
tpw melhordizendo comla-que oras ela voltem que-eno estamos-meemal
Acessado em 08/06/2016.)
Entre os excertos de estudiosos da linguagem reproduzidos a
seguir, assinale aquele que corrobora os comentários do post.
a) Numa sociedade estruturada de maneira complexa a
linguagem de um dado grupo social reflete-o tão bem como
suas outras formas de comportamento. (Mattoso Câmara
Jr, 1975, p. 10.)
b) A linguagem exigida, especialmente nas aulas de língua
portuguesa, corresponde a um modelo próprio das classes
dominantes e das categorias sociais a elas vinculadas.
(Camacho, 1985, p. 4.)
c) Não existe nenhuma justificativa ética, política, pedagógica
ou científica para continuar condenando como erros os
usos linguísticos que estão firmados no português
brasileiro. (Bagno, 2007, p. 161.)
d) Aquele que aprendeu a refletir sobre a linguagem é capaz
de compreender uma gramática — que nada mais é do que
o resultado de uma (longa) reflexão sobre a língua.
(Geraldi, 1996, p. 64.)