Sou filho natural de uma negra, africana livre, da Costa
da Mina (Nagô de Nação), de nome Luiza Mahin, pagã, que
sempre recusou o batismo e a doutrina cristã. Minha mãe
era baixa de estatura, magra, bonita, a cor era de um preto
retinto e sem lustro, tinha os dentes alvíssimos como a neve,
era muito altiva, geniosa, insofrida. Dava-se ao comércio
— era quitandeira, muito laboriosa e, mais de uma vez, na
Bahia, foi presa como suspeita de envolver-se em planos
de insurreição de escravos, que não tiveram efeito.
AZEVEDO, E. “La vai verso!”: Luiz Gama e as primeiras trovas burlescas de Getulino. In:
CHALHOUB, S.; PEREIRA, L.A. M. À história contada: capítulos de história social da
literatura no Brasil. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 1998 (adaptado).
Nesse trecho de suas memórias, Luiz Gama ressalta a
importância dos(as)
laços de solidariedade familiar.
estratégias de resistência cultural.
mecanismos de hierarquização tribal.
instrumentos de dominação religiosa.
limites da concessão de alforria.
VOVOS