“Goulart, como Quadros, atravessou em seu curto período de governo
grave crise de legitimidade — o segundo por excesso, o primeiro por
falta. (...). Assim, se Jânio cai por impossibilidade de instrumentalizar um
amplo espectro de forças aliadas e por superestimar os seus próprios
recursos, excessivamente valorizados por uma legitimidade previamente
concedida. Jango se deixa conduzir por uma paralisia asfixiante que não
o deixa governar e que o força a buscar neutralidade ou apoio ora nas
esquerdas, ora nas áreas de centro em uma perigosa oscilação que reduz
gradativamente suas áreas de apoio”.
Ângela de Castro Gomes e outros. “O Brasil republicano: sociedade e política (1930-
1946)”. Rio de Janeiro: Bertrand Brasil, 2007, v.10, p.229.
Sobre o texto e o contexto, é correto afirmar que os governos de Jânio Quadros
e de João Goulart
a) agiram em benefício das camadas mais baixas da população e, por isso,
sofreram pressões de setores da classe média e da elite, resultando no clima
golpista que marcou os dois governos e que contribuiu para o rompimento
das relações com os Estados Unidos.
b) sofreram pressões em diferentes sentidos, mas que, no conjunto, demonstram
a fragilidade de ambos em revertê-las e que, instrumentalizadas pelas
oposições, acabaram por mergulhar o país em uma crise que culminou com
o golpe civil-militar
c) perderem o apoio do Congresso em virtude de suas propostas econômicas
e sociais, causando o clima de instabilidade que só foi superado pelos
acontecimentos de 1964, promovidos, por sua vez, pela União Democrática
Nacional e pelos Estados Unidos.
d) propuseram medidas para a superação das desigualdades sociais no
país, como as Reformas de Base, que, aprovadas pelo Congresso, foram
combatidas pelas elites e por multinacionais instaladas no país, interessadas
na exploração do petróleo e de setores industriais estratégicos.
e) foram marcados por crises e pressões de diferentes setores, destacadamente
a oposição do Congresso, o que resultou na decretação do estado de sítio
e na suspensão de garantias individuais, contribuindo, por sua vez, como
pretexto para o golpe de 1964.