REDAÇÃO TEXTO 1
Você integra um grupo de estudos formado por estudantes universitários. Periodicamente, cada membro
apresenta resultados de leituras realizadas sobre temas diversos. Você ficou responsável por elaborar uma
síntese sobre o tema humanização no atendimento à saúde, que deverá ser escrita em registro formal. As
fontes para escrever a síntese são um trecho de um artigo científico (excerto A) e um trecho de um ensaio
(excerto B). Seu texto deverá contemplar:
a) o conceito de humanização no atendimento à saúde;
b) o ponto de vista de cada texto sobre o conceito, assim como as principais informações que sustentam
esses pontos de vista;
c) as relações possíveis entre os dois pontos de vista.
Excerto A
A humanização é vista como a capacidade de oferecer atendimento de qualidade, articulando os avanços
tecnológicos com o bom relacionamento.
O Programa Nacional de Humanização da Assistência Hospitalar (PNHAH) destaca a importância da
conjugação do binômio "tecnologia" e "fator humano e de relacionamento". Há um diagnóstico sobre o divórcio
entre dispor de alta tecnologia e nem sempre dispor da delicadeza do cuidado, o que desumaniza a assistência.
Por outro lado, reconhece-se que não ter recursos tecnológicos, quando estes são necessários, pode ser um
fator de estresse e conflito entre profissionais e usuários, igualmente desumanizando o cuidado. Assim, embora
se afirme que ambos os itens constituem a qualidade do sistema, o "fator humano" é considerado o mais
estratégico pelo documento do PNHAH, que afirma:
(...) as tecnologias e os dispositivos organizacionais, sobretudo numa área como a da saúde, não funcionam
sozinhos — sua eficácia é fortemente influenciada pela qualidade do fator humano e do relacionamento que se
estabelece entre profissionais e usuários no processo de atendimento. (Ministério da Saúde, 2000).
(Adaptado de Suely F. Deslandes, Análise do discurso oficial sobre a humanização da assistência hospitalar. Ciência &
Saúde coletiva. Vol. 9, n. 1, p. 9-10. Rio de Janeiro, 2004.)
Excerto B
A famosa Faculdade para Médicos e Cirurgiões da Escola de Medicina da Columbia University, em Nova York,
formou recentemente um Programa de Medicina Narrativa que se ocupa daquilo que veio a se chamar “ética
narrativa”. Ele foi organizado em resposta à percepção recrudescente do sofrimento — e até das mortes — que
podia ser atribuído parcial ou totalmente à atitude dos médicos de ignorarem o que os pacientes contavam
sobre suas doenças, sobre aquilo com que tinham que lidar, sobre a sensação de serem negligenciados e até
mesmo abandonados. Não é que os médicos não acompanhassem seus casos, pois eles seguiam
meticulosamente os prontuários de seus pacientes: ritmo cardíaco, hemogramas, temperatura e resultados dos
exames especializados. Mas, para parafrasear uma das médicas comprometidas com o programa, eles
simplesmente não ouviam o que os pacientes lhes contavam: as histórias dos pacientes. Na sua visão, eles
eram médicos “que se atinham aos fatos”. “Uma vida”, para citar a mesma médica, “não é um registro em um
prontuário”. Se um paciente está na expectativa de um grande e rápido efeito por parte de uma intervenção ou
medicação e nada disso acontece, a queda ladeira abaixo tem tanto o seu lado biológico como psíquico.
“O que é, então, a medicina narrativa?”, perguntei”. “Sua responsabilidade é ouvir o que o paciente tem a dizer,
e só depois decidir o que fazer a respeito. Afinal de contas, quem é o dono da vida, você ou ele?”. O programa
de medicina narrativa já começou a reduzir o número de mortes causadas por incompetências narrativas na
Faculdade para Médicos e Cirurgiões.
*A pergunta é feita por Jerome Bruner a Rita Charon, idealizadora do Programa de Medicina Narrativa.
(Adaptado de Jerome Bruner, Fabricando histórias: direito, literatura, vida. São Paulo: Letra e Voz, 2014, p. 115-116.)
REDAÇÃO TEXTO 2
Em busca de soluções para os inúmeros incidentes de violência ocorridos na escola em que estudam, um grupo
de alunos, inspirados pela matéria “Conversar para resolver conflitos”, resolveu fazer uma primeira reunião para
discutir o assunto. Você ficou responsável pela elaboração da carta-convite dessa reunião, a ser endereçada
pelo grupo à comunidade escolar — alunos, professores, pais, gestores e funcionários.
A carta deverá convencer os membros da comunidade escolar a participarem da reunião, justificando a
importância desse espaço para a discussão de ações concretas de enfrentamento do problema da violência na
escola. Utilize as informações da matéria abaixo para construir seus argumentos e mostrar possibilidades
de solução.
Lembre-se de que o grupo deverá assinar a carta e também informar o dia, o horário e o local da reunião.
Conversar para resolver conflitos.
Quando a escuta e o diálogo são as regras, surgem soluções pacíficas para as brigas.
Alunos que brigam com colegas, professores que
desrespeitam funcionários, pais que ofendem os
diretores. Casos de violência na escola não faltam. A
primeira é quando há duas partes envolvidas. Nesse
caso, ambos os lados se apresentam ou são
chamados para conversar com os mediadores -
pesquisa O Que Pensam os Jovens de Baixa Renda
sobre a Escola, realizada pelo Centro Brasileiro de
Análise e Planejamento (Cebrap) sob encomenda da
Fundação Victor Civita (FVC), ambos de São Paulo,
revelou que 11% dos estudantes se envolveram em
conflitos com seus pares nos últimos seis meses e
pouco mais de 8% com professores, coordenadores e
diretores. Poucas escolas refletem sobre essas
situações e elaboram estratégias para construir uma
cultura da paz. A maioria aplica punições que, em vez
de acabarem com o enfrentamento, estimulam esse
tipo de atitude e tiram dos jovens a autonomia para
resolver problemas.
Segundo Telma Vinha, professora de Psicologia
Educacional da Universidade Estadual de Campinas
(Unicamp) e colunista da revista NOVA ESCOLA,
implementar um projeto institucional de mediação de
conflitos é fundamental para implantar espaços de
diálogo sobre a qualidade das relações e os
problemas de convivência e propor maneiras não
violentas de resolvê-los. Assim, os próprios envolvidos
em uma briga podem chegar a uma solução pacífica.
Por essa razão, é importante que, ao longo do
processo de implantação, alunos, professores,
gestores e funcionários sejam capacitados para atuar
como mediadores. Esses, por sua vez, precisam ter
algumas habilidades como saber se colocar no lugar
do outro, manter a imparcialidade, ter cuidado com as
palavras e se dispor a escutar.
O projeto inclui a realização de um levantamento
sobre a natureza dos conflitos e um trabalho
preventivo para evitar a agressão como resposta para
essas situações. Além disso, ao sensibilizar os
professores e funcionários, é possível identificar as
violências sofridas pelos diferentes segmentos e atuar
para acabar com elas.
Pessoas capacitadas atuam em encontros
individuais e coletivos
Há duas formas principais de a mediação acontecer,
segundo explica Lívia Maria Silva Licciardi,
doutoranda em Psicologia Educacional,
Desenvolvimento Humano e Educação pela
Universidade Estadual de Campinas (Unicamp). A
(Adaptado de Karina Padial, Conversar para resolver.
normalmente eles atuam em dupla para que a
imparcialidade no encaminhamento do caso seja
garantida - em uma sala reservada para esse fim. Eles
ouvem as diversas versões, dirigem a conversa para
tentar fazer com que todos entendam os sentimentos
colocados em jogo e ajudam na resolução do
episódio, deixando que os envolvidos proponham
caminhos para a decisão final.
A segunda forma é utilizada quando acontece um
problema coletivo - um aluno é excluído pela turma,
por exemplo. Diante disso, o ideal é organizar
mediações coletivas, como uma assembleia. Nelas,
um gestor ou um professor pauta o encontro e conduz
a discussão, sem expor a vítima nem os agressores.
"O objetivo é fazer com que todos falem, escutem e
proponham saídas para o impasse. Assim, a solução
deixa de ser punitiva e passa a ser formativa, levando
à corresponsabilização pelos resultados", diz Ana
Lucia Catão, mestre em Psicologia Social pela
Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC-
SP). Ela ressalta que o debate é enriquecido quando
se usam outros recursos: filmes, peças de teatro e
músicas ajudam na contextualização e compreensão
do problema.
No Colégio Estadual Federal (CEF) 602, no Recanto
das Emas, subdistrito de Brasília, o Projeto Estudar
em Paz, realizado desde 2011 em parceria com o
Núcleo de Estudos para a Paz e os Direitos Humanos
da Universidade de Brasília (NEP/UnB), tem 16 alunos
mediadores formados e outros 30 sendo capacitados.
A instituição conta ainda com 28 professores
habilitados e desde o começo deste ano o projeto faz
parte da formação continuada. "Os casos de violência
diminuíram. Recebo menos alunos na minha sala e as
depredações do patrimônio praticamente deixaram de
existir. Ao virarem protagonistas das decisões, os
estudantes passam a se responsabilizar por suas
atitudes", conta Silvani dos Santos, diretora. (...)
"Essas propostas trazem um retorno muito grande
para as instituições, que conseguem resultados
satisfatórios. preciso, porém, planejá-las
criteriosamente", afirma Suzana Menin, professora da
Universidade Estadual Paulista Júlio de Mesquita Filho
(Unesp).
Gestão Escolar. São Paulo, nº. 27, ago/set 2013
http://gestaoescolar abril. com.br/formacao/conversar-resolver-confitos-brigas-dialogo-762845.shtmi?page=1. Acessado em
02/10/2014.)