“Como o Brasil e como a própria democracia, a Constituição de 1988
também é imperfeita. Envolveu movimentos contraditórios e embates
formidáveis entre forças políticas desiguais, e inumeras vezes errou de
alvo. (...). Mas a Constituição de 1988 é a melhor expressão de que o
Brasil tinha um olho no passado e outro no futuro e estava firmando um
sólido compromisso democrático”.
Lilia M. Schwarcz e Heloísa M. Starling. Brasil: Uma biografia.
São Paulo: Companhia das Letras, 2015, pp. 488-489
Dentre as contradições da Constituição de 1988, aponta-se
a)
b)
a conservação do tempo de mandato de cinco anos, com direito à reeleição,
de um lado, e à criação de mecanismos mais democráticos e imparciais
em processos de afastamento de presidentes acusados de crime de
responsabilidade, de outro lado.
a manutenção da inelegibilidade e a ausência do direto de voto direto aos
analfabetos, de um lado, e o estabelecimento da demarcação de terras
indígenas e o amplo projeto de reforma agrária radical, aos mais necessitados,
de outro lado.
a manutenção do voto obrigatório e a idade mínima de dezoito anos para
participação política, de um lado, e a concessão do direito de elegibilidade e
o voto aos analfabetos maiores de idade, residentes no Brasil, de outro lado.
a conservação da estrutura agrária e a manutenção da inelegibilidade de
analfabetos, de um lado, e o reconhecimento de direitos de minorias e o
empenho em prever meios e os instrumentos constitucionais legais para a
participação popular direta, de outro lado.
a manutenção da autonomia das Forças Armadas para definir assuntos de seu
interesse, de um lado, e o aprofundamento de mecanismos de investigação e
a punição aos envolvidos em atos de tortura e o cerceamento de liberdades
durante a ditadura civil-militar, de outro lado.