Leia o conto Memórias da afasia, de Moacyr Scliar.
Nos últimos anos de sua vida Mateus descobriu, consternado, que mesmo o seu derradeiro prazer —
escrever no diário — lhe havia sido confiscado pela afasia, que nele se manifestava como
esquecimento de certas palavras. A coisa foi gradual: a princípio, eram poucos os vocábulos que lhe
faltavam. Recorrendo a um de sinônimos, ele conseguia preencher com éxito as lacunas.
Com o decorrer do tempo, porém, acentuou-se o , € O desgosto por este gerado. Foi então
que ele começou a deixar em branco os espaços que não consegue preencher. Era com fascinação
que contemplava esses vazios em meio ao : tinha certeza de que as letras ali estavam, como
se traçadas com tinta invisível por mão também invisível. Essa existência virtual das palavras não o
afligia, pelo contrário; sabia que o é tão importante quanto o não . No território
da afasia ele encontrava agora uma pátria. Ali recuperaria o seu passado perdido. Ali se uniria
definitivamente àquela que fora seu grande amor, uma linda moça chamada
Assinale com V (verdadeiro) ou F (falso) as seguintes afirmações sobre o conto.
( )O distúrbio de linguagem de Mateus afeta também o narrador, o que explica os espaços em
branco no texto.
(. ) Os espaços em branco no texto constroem a metáfora de uma das principais características da
literatura: as lacunas de interpretação.
( ) O titulo do conto constrói o paradoxo da afasia, que se caracteriza pela perda da memória.
( ) Os vazios no texto apontam um dos traços da recuperação do passado, que se constrói a partir
do que se lembra e do que se esquece.
A sequência correta de preenchimento dos parênteses, de cima para baixo, é