“Para inaugurar é preciso ter um defunto. Mas, por
desgraça, nenhum turista se afoga, nenhuma calamidade
se abate sobre a cidade e os moribundos têm o desplante
de ressuscitarem. Na ordem estabelecida por Odorico, o
bem vira mal e o mal, bem.”
(Anatol Rosenfeld, “A obra de Dias Gomes”, em Teatro de Dias Gomes. Rio de Janeiro:
Civilização Brasileira, 1972, p. xxvii.)
A comicidade de O Bem-amado, de Dias Gomes, deriva
em grande medida da inversão de valores que a peça
encena. Considerando os propósitos satíricos da obra,
assinale a alternativa que evidencia tal inversão.
a) A destinação de recursos para a construção de um
cemitério público confere dignidade aos mortos.
b) A hospitalidade dada aos doentes ilustra o uso do
orçamento em prol do sistema público de saúde.
c) A promoção do pistoleiro a delegado de polícia visa à
reinserção social do criminoso.
d) A inauguração do cemitério dá oportunidade a que se
reverencie a memória do benfeitor da cidade.