3.
Resumindo seus pensamentos de vencido, Francisco Teodoro disse alto, num suspiro:
— Trabalhei, trabalhei, trabalhei, e aqui estou como Jó!
(...)
— (Como Jó! Repetiu ele furioso, arrancando as barbas e unhando as faces. Nao lhe bastava o
arrependimento, a dor moral, queria o castigo físico, a maceração da carne, para completa punição da sua
inépcia.
Nao saber guardar a felicidade, depois de ter sabido adquiri-la, é sinal de loucura. Ele era um doido? Sim,
ele era um doido. Tal qual o avô. Riu alto; ele era um doido!
(Júlia Lopes de Almeida, A Falência. Campinas: Editora da Unicamp, 2018, p. 296.)
a) O protagonista de A Falência encarna um tipo representativo da sociedade brasileira do século XIX.
Aponte quatro características desse tipo social constatadas na trajetória de Francisco Teodoro.
b) No excerto acima, o narrador se detém no momento em que o protagonista, atormentado, revê sua
trajetória e se recorda do avô. Caracterize a voz narrativa nesse excerto e explique seu funcionamento.