A Possêidon
Dádivas colhi do mar e a Possêidon, meu canto.
Se a terra adormece e estéril é seu repouso,
Avanças, poderoso! O fundamento das coisas estremece,
Rochedos fendem-se, crispa-se o arvoredo. Mais que os ventos,
Impões o fluxo e a mudança. Lampejos da aurora se acendem
No poente. Move meu canto, move a Terra num bramido,
Touro do Mar, e um novo reino instaura, dissolvendo
Nas águas a impureza dos feitos. Acenda-se o olhar humano
Em chama renovada e às almas de luz os corpos se reúnam!
SILVA, Dora Ferreira. Hídrias. São Paulo: Odysseus, 2004.p.48.
De acordo com a leitura do poema acima, assinale a alternativa correia.
Possêidon, rei dos mares, cuja principal característica é a estagnação, com seu rugido
estridente, instaura um novo reino na terra, lavando com suas águas impuras tanto as
árvores como os rochedos.
A expressão “Touro do mar” é metáfora da exuberância e da fertilidade deste deus das
águas, que com seu caráter imutável, fecundava tanto a terra infrutífera como os
oceanos estéreis.
Ao retratar de forma irônica e paródica as habilidades desproporcionais de Possêidon, a
poeta mantém o discurso jocoso que perpassa todos os outros poemas da obra Hídrias.
O poema dialoga com o título da obra, Hídrias, ao enfocar Possêidon, violento rei das
águas e dos oceanos, também conhecido como Netuno, o qual tinha o poder de
provocar a instabilidade nos mares.