Leia o trecho de uma entrevista com o cineasta francês Jean
Renoir (1894-1979), filho do conhecido pintor Pierre-Auguste
Renoir, datada de novembro de 1958.
Cheguei mesmo a me perguntar se toda obra humana
não é provisória — mesmo um quadro, mesmo uma estátua,
mesmo uma obra arquitetônica, mesmo o Partenon. Seja
qual for a solidez do Partenon, o que resta dele é muito pouco
e não temos nenhuma ideia do que era quando acabara de
ser construído. Mesmo o que resta vai desaparecer. Talvez
se consiga, a custa de tanto colocar cimento nas colunas,
mantê-lo por cem anos, duzentos anos, digamos quinhentos
anos, digamos mil anos. Mas, enfim, chegará um dia em que
o Partenon não existirá mais. Pergunto-me se não seria mais
honesto abordar a obra de arte sabendo que ela é provisória
e irá desaparecer, e que, na verdade, relativizando, não há
diferença entre uma obra arquitetônica feita em mármore ma-
ciço e um artigo de jornal, impresso em papel e jogado fora
no dia seguinte.
(Jean Renoir apud Jorge Coli. O que é arte, 2013. Adaptado.)
Neste trecho da entrevista, Jean Renoir reflete sobre
(A) a materialidade dos objetos artísticos.
(B) a finalidade dos objetos artísticos.
(C) o significado dos objetos artísticos.
(D) a origem dos objetos artísticos.
(E) o conteúdo dos objetos artísticos.