A veia lírico-amorosa do poeta barroco Gregório de Matos
(1636-1696) esta bem exemplificada em:
(A) “Aquele nao sei qué, que, Inés, te assiste
No gentil corpo, e na graciosa face,
Nao sei donde te nasce, ou nao te nasce,
Nao sei onde consiste, ou nao consiste.”
(B) “Ofendi-vos, meu Deus, é bem verdade,
É verdade, Senhor, que hei delinquido,
Delinquido vos tenho, e ofendido,
Ofendido vos tem minha maldade.”
(C) “Senhor Antão de Sousa de Meneses,
Quem sobe a alto lugar, que não merece,
Homem sobe, asno val, burro parece,
Que o subir é desgraça muitas vezes.”
(D) “Que és terra, homem, e em terra hás de tornar-te,
Te lembra hoje Deus por sua Igreja;
De pó te faz espelho, em que se veja
A vil matéria, de que quis formar-te.”
(E) “A cada canto um grande conselheiro,
Que nos quer governar cabana e vinha;
Não sabem governar sua cozinha,
E podem governar o mundo inteiro.”