PROVA I: REDAÇÃO
Prezado(a) vestibulando(a),
Você já ouviu falar em “modernidade líquida”? Essa expressão foi criada pelo sociólogo polonês Zygmunt
Bauman para se referir à natureza das relações que se estabelecem na sociedade atual, dita pós-moderna.
Leia os textos 1, 2, 3 e 4, que tratam, direta ou indiretamente, dessa temática e lhe oferecem subsídios para o
desenvolvimento de sua prova de redação.
INSTRUÇÃO PARA A REDAÇÃO
Imagine que os textos que você lerá a seguir estão veiculados em um blog da UECE cujo objetivo é
promover discussão acadêmica sobre temas importantes da atualidade. Como aspirante a uma vaga nesta
universidade, você deverá participar dessa discussão.
Tomando por base uma ou mais questões abordadas nos textos e usando argumentos convincentes,
escreva um comentário a ser publicado no blog, expressando sua opinião sobre o tema MODERNIDADE
LIQUIDA,
TEXTO 1
Zygmunt Bauman: "Vivemos tempos líquidos. Nada é para durar"
ISTOÉ - O que caracteriza a “modernidade líquida”?
ZYGMUNT BAUMAN - Líquidos mudam de forma muito rapidamente, sob a menor pressão. Na verdade, são
incapazes de manter a mesma forma por muito tempo. No atual estágio “líquido” da modernidade, os líquidos
sao deliberadamente impedidos de se solidificarem. A temperatura elevada — ou seja, o impulso de
transgredir, de substituir, de acelerar a circulação de mercadorias rentáveis — não dá ao fluxo uma
oportunidade de abrandar, nem o tempo necessário para condensar e solidificar-se em formas estáveis, com
uma maior expectativa de vida.
ISTOÉ - As pessoas estão conscientes dessa situação?
ZYGMUNT BAUMAN - Acredito que todos estamos cientes disso, num grau ou outro. Pelo menos as vezes,
quando uma catástrofe, natural ou provocada pelo homem, torna impossível ignorar as falhas. Portanto, não é
uma questão de “abrir os olhos”. O verdadeiro problema é: quem é capaz de fazer o que deve ser feito para
evitar o desastre que já podemos prever? [...] Por exemplo: estamos todos conscientes das consequências
apocalípticas do aquecimento do planeta. E todos estamos conscientes de que os recursos planetários serão
incapazes de sustentar a nossa filosofia e prática de “crescimento econômico infinito” e de crescimento infinito
do consumo. Sabemos que esses recursos estão rapidamente se aproximando de seu esgotamento. Estamos
conscientes — mas e dai? Há poucos (ou nenhum) sinais de que, de própria vontade, estamos caminhando
para mudar as formas de vida que estão na origem de todos esses problemas.
ISTOÉ - Ao se conectarem ao mundo pela internet, as pessoas estariam se desconectando da sua própria
realidade?
ZYGMUNT BAUMAN - Os contatos online têm uma vantagem sobre os offline: são mais fáceis e menos
arriscados — o que muita gente acha atraente. Eles tornam mais fácil se conectar e se desconectar. Caso as
coisas fiquem “quentes” demais para o conforto, você pode simplesmente desligar, sem necessidade de
explicações complexas, sem inventar desculpas, sem censuras ou culpa. Atrás do seu laptop ou iPhone, com
fones no ouvido, você pode se cortar fora dos desconfortos do mundo offline. Mas não há almoço grátis, como
diz um provérbio inglês: se você ganha algo, perde alguma coisa. Entre as coisas perdidas estão as habilidades
necessárias para estabelecer relações de confiança, as [relações] para o que der e vier, na saúde ou na
tristeza, com outras pessoas. Relações cujos encantos você nunca conhecerá a menos que pratique. O
problema é que, quanto mais você busca fugir dos inconvenientes da vida offline, maior será a tendência a se
desconectar.
ISTOÉ - O que o sr. diria aos jovens?
ZYGMUNT BAUMAN - Eu desejo que os jovens percebam razoavelmente cedo que ha tanto significado na vida
quanto eles conseguem adicionar isso a ela através de esforço e dedicação. Que a árdua tarefa de compor uma
vida não pode ser reduzida a adicionar episódios agradáveis. A vida é maior que a soma de seus momentos.
(ISTOÉ Online | 24.Set.10)
http://www.istoe.com.br/assuntos/entrevista/detalhe/102755 VIVEMOS+ TEMPOS+LIQUIDOS+NADA+E+PARA+DURAR
TEXTO 2
Brasileiro é o primeiro do mundo a comprar iPhone 6S
Um brasileiro de 18 anos foi a primeira pessoa do mundo a comprar o iPhone 6S, em Sydney, na Australia. [...]
Em entrevista ao EXTRA, Vitor, que esta na Australia desde o fim de maio estudando inglés, conta que estava
na fila desde segunda-feira para garantir o aparelho. [...] Durante os cinco dias, dormiu dentro de uma barraca
montada na porta da loja da Apple. [...] Quando a sexta-feira finalmente chegou, a expectativa aumentou ainda
mais.
— Pouco antes do início das vendas, o gerente da loja perguntou para mim e aos outros dois primeiros se
toparíamos tirar fotos e fazer entrevistas com o iPhone. Aceitamos. Quando a loja abriu, fomos direto para o
terceiro andar e recebemos o celular das mãos dos funcionários. Fui o primeiro dos três a pegar. A sensação foi
Única — conta O rapaz, que pagou 1.530 dólares australianos, cerca de R$ 4.300, no modelo, um iPhone 6S
plus de 128 GB.
Mas a melhor parte de tudo isso, segundo Vitor, foi o compartilhamento de sua foto pelo CEO* da Apple, Tim
Cook. “Obrigado, Vitor, em Sydney! Um dos primeiros clientes do mundo a comprar um iPhone 65”, escreveu
Cook. Até a manhã desta sexta-feira, a foto já havia sido retuitada mais de 1.400 vezes.
*CEO -— abreviatura de Chief Executive Officer. Em português, Diretor Executivo.
http://extra.globo.com /25/09/15 08:59
TEXTO 3 TEXTO 4
PELA INTERNET AMOR LIQUIDO
Gilberto Gil Marcelo de Mattos Salgado (Ariano)
Criar meu web site Prezada doutora,
Fazer minha home-page Que posso fazer
Com quantos gigabytes Para curar grave
Se faz uma jangada Atrofia cardiaca?
Um barco que veleje
Fui digitalizado:
Que veleje nesse infomar So registro zeros e uns
Que aproveite a vazante da infomaré Compro facilidades,
Que leve um oriki do meu velho orixa Vendo facilmente...
Ao porto de um disquete de um micro em Taipé
"Esqueça os fatos,
Um barco que veleje nesse infomar Jogue os dados,
Que aproveite a vazante da infomaré Dê reboot* em sua fé
Que leve meu e-mail até Calcutá Nas quatro letras.
Depois de um hot-link
Num site de Helsinque Aceite o risco de ser
Para abastecer Meio louco,
Menos feliz,
Eu quero entrar na rede Mais humano.”
Promover um debate
Juntar via Internet
Um grupo de tietes de Connecticut *Dê reboot = Reinicialize
De Connecticut acessar (Escrevi esse poema em novembro de 2012 com a
O chefe da milícia de Milão obra homônima de Zygmunt Bauman em mente:
Um hacker mafioso acaba de soltar "Amor Líquido")
Um vírus pra atacar programas no Japão
www.recantodasletras.com.br/audios/poesias/52036
Eu quero entrar na rede pra contactar
Os lares do Nepal, os bares do Gabao
Que o chefe da policia carioca avisa pelo celular
Que lá na praça Onze tem um videopôquer para se
jogar
http://www .vagalume.com.br/gilberto-gil/pela-
internet. html#ixzz3ry9VIj8M