Texto I
Na era digital, a opinião predomina sobre a ação. Passamos a viver no reino das opiniões: todos têm alguma opinião
formada sobre tudo e se sentem na obrigação de opinar sobre qualquer coisa. Esse fenômeno é consequência
direta da hiperconectividade e, em particular, do modelo de negócios das empresas detentoras de redes sociais:
a venda de dados de usuários para marketing. A fim de obter um perfil completo e apurado de cada usuário, é
preciso estimulá-lo a revelar suas preferências sobre o maior número possível de temas.
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Com isso, tudo se tornou opinião e se confunde com ela, numa arena em que não existem hierarquias. A análise
política de um especialista equivale à opinião de qualquer pessoa que nunca abriu um livro sobre política.
Trata-se de uma perversão do direito à liberdade de expressão: muito embora cada um tenha o direito de opinar
sobre o que quiser, e uma opinião não se sobreponha à outra, nem tudo é da ordem da opinião. Análises, pesquisas
e evidências são de outra esfera. Não se questiona o resultado de uma pesquisa científica dizendo simplesmente
que não se concorda com ela, mas analisando sua metodologia ou apresentando uma pesquisa sobre o mesmo
tema que possa colocar em xeque as conclusões.
Na era do Facebook, entretanto, é como se isso não fosse necessário, pois basta concordar ou discordar,
clicar like ou dislike. A ação, o trabalho, a especialidade, tudo perde lugar para a opinião. No reino da opinião não
existe mais espaço para a autoridade. No perfil do papa no Twitter, internautas brasileiros se sentem no direito de
contradizer as análises teológicas dele. As redes sociais tornam o dono de botequim um especialista em exegese
bíblica do mesmo quilate que o chefe da Igreja Católica.
Acesso em: 20.06.2019. Adaptado.
Texto II
MunDo Phe Avesso — Coatosh»
A partir da coletânea apresentada, elabore um texto narrativo ou um texto
dissertativo-argumentativo explorando o seguinte tema:
Tecnologia e informação: como transformar opinião em conhecimento?